Abril.com: Vocês são considerados o maior expoente do sertanejo universitário. Fale um pouco desse começo de vocês. César Menotti: Nós nunca usamos esse título de sertanejo universitário, isso foi uma coisa que as pessoas colocaram pra nós. Porque na verdade nós nunca nos preocupamos em fazer esse sertanejo para universitário. Foi legal porque abriu caminho, muitas duplas vieram em seguida fazendo um trabalho parecido com a gente. O nosso CD, por exemplo, nós fizemos o que todo mundo sonha, vir pra São Paulo, gravar com grandes músicos. Com grandes arranjadores. E de repente nós vimos que o pessoal[universitários] queria ouvir exatamente aquilo que a gente tocava nas “noitadas”.
Existe uma diferença entre o sertanejo universitário e o tradicional?
Eu acho que o trabalho tem que ser pop na medida certa, mas tem que ter raiz. Um dos maiores poetas da musica sertaneja ainda vivo, Dino Franco, diz o seguinte: ‘a música sem raiz é fraca, vulgar e fria’. E é a verdade, e quando você vê um trabalho sem base ele passa tão rápido como fogo de palha. Eu acho que nós podemos fazer uma música em que gravamos axé. Acho que dentro do sertanejo cabe pagode, mas nunca podemos deixar de fora a nossa raiz, que está na música caipira. E da música raiz, caipira, para música que a gente faz hoje, ai sim eu vejo diferença.
Recentemente vocês gravaram um DVD aí em Belo Horizonte. Como que foi a gravação? Alguma participação especial? Então, não teve nenhuma participação especial, não. A única participação que tivemos foi do público que nos honrou com a presença e cantou com a gente. A galera dos universitários estava presente em peso, dando apoio, e com certeza vão nos ajudar a divulgar também.
Tem composições inéditas? Tem canções inéditas, uma canção que chama “Resumindo”, que é uma música que a gente acredita muito nela. Tem “Horóscopo” que é outra canção bem bacana. “Tarde demais”, tem muitas canções inéditas nesse trabalho.
Vocês tocaram na festa do peão de Barretos esse ano com Edson & Hudson e Bruno e Marrone. Como que foi esse show? Foi inspirado no “Amigos” [projeto que reunia Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano, e Leandro e Leonardo]? Não, não foi. Seria muita audácia nossa querer fazer qualquer comparação ou chegar perto dos “Amigos”. Eu acho que talvez daqui uns 20 anos de carreira a gente possa querer fazer alguma comparação com o Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano, e Leandro & Leonardo. Foi uma coisa de amigo, porque somos amigos dos meninos, e fizemos esse show em Curitiba. Aí resolvemos repetir a dose, e quando Barretos convidou topamos fazer. Não teve ensaio, foi tudo em cima da hora.
E o público respondeu bem? Eu acho que o público gosta dessas coisas improvisadas, de ver o artista como ele é. Hoje em dia a gente não sabe até onde vale à pena fazer bem feito demais.
Dentro desse pessoal novo, com quem vocês se identificam? O que acontece hoje no Brasil é uma coisa assim, a música se regionalizou. Tem dupla que está estourada em Minas e o resto do Brasil não conhece. Adriano e Anderson, por exemplo, a dupla tem cinco anos de carreira e em Minas Gerais, tem um público muito grande e o Brasil ainda não teve oportunidade de conhecer. No Mato Grosso tem uma dupla que se chama Maria Cecília e Rodolfo, que está fazendo um sucesso tremendo por lá e que não chegou no resto do Brasil ainda. Jorge e Mateus também são muito amigos nossos, já participaram de muitos shows nossos no inicio da carreira.
No caso da Maria Cecília e Rodolfo tem até uma curiosidade, que é o fato de ser um homem e uma mulher... É um duo, né? Fazia tempo que não se tinha um duo fazendo sucesso dentro da música sertaneja.
Quais são os próximos projetos da dupla? Está uma correria, mas temos alguns projetos que estamos trabalhando pra lançar. A gente tem muita vontade de fazer um especial de natal. E fazer um DVD de música raiz, somente de música caipira, pra resgatar a origem da música sertaneja. Já estamos colocando no papel para por em prática para o ano que vem, se Deus quiser.
FONTE: Abril.com
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